sexta-feira, 29 de julho de 2016

Ônibus do Grande Recife terão mais câmeras contra assalto

Foram 979 investidas neste ano. Oito só na quinta (28). Em portaria, CSTM exige quatro filmadoras com resolução e sistema de gravação

O poder público aposta na melhoria do monitoramento por imagem como uma das estratégias para barrar a violência dentro dos ônibus que circulam no Grande Recife. Em resolução publicada no Diário Oficial do Estado, o Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) estabeleceu novos procedimentos acerca das configurações técnicas e do número de câmeras instaladas nos coletivos. Passam a ser obrigatórios, no mínimo, quatro equipamentos do tipo por veículo, além de um sistema que permita o armazenamento das gravações. 

O acesso facilitado da Secretaria de Defesa Social (SDS) ao material também está previsto em casos de assaltos, que, no primeiro semestre, chegaram a 506 casos. Só ontem, foram oito, segundo o Sindicato dos Rodoviários, que já contabiliza 979 ocorrências no ano. 

As câmeras terão que atender a uma série de requisitos, inclusive, quanto ao posicionamento, em áreas estratégicas do coletivo (ver arte). Até mesmo o lado de fora poderá ser visualizado. A resolução da imagem também terá critérios. O mínimo será 1280x720 pixels, com data e horário inscritos. Os equipamentos terão microfones embutidos. Já o sistema de gravação deverá ter capacidade de armazenar até 512 GB para cada grupo de quatro câmeras. Em caso de assalto, as imagens deverão ser carregadas num servidor em até 24 horas, para avaliação da polícia. As empresas de ônibus terão quatro meses para se adequar. Após o prazo, diz a resolução do CSTM, veículos flagrados em situação irregular serão recolhidos.

Medidas
A avaliação do setor é que as novas regras incidem sobre procedimentos que vinham sendo adotados, mas não de forma unificada. Nas ruas, já é possível encontrar ônibus com quatro câmeras. Boa parte, porém, ainda tem duas ou três. A qualidade das imagens também não era considerada adequada em todos os equipamentos. Pelas determinações, filmadoras que já estavam instaladas só poderão seguir em operação se tiverem, no mínimo, resolução de 640x480.  Outra mudança será no arquivamento do conteúdo - passa de 48 para até 72 horas.

Conforme a Urbana-PE, foram investidos R$ 3 milhões para equipar a frota de quase três mil ônibus com câmeras. A entidade, no entanto, preferiu não se pronunciar sobre custos e impactos das novas regras. Já de acordo com o Grande Recife Consórcio, a resolução publicada no Diário Oficial é fruto dos trabalhos da comissão multidisciplinar criada em junho “para estabelecer ações que garantam a segurança”, grupo do qual faz parte também a Urbana-PE.

Esperança
Nas ruas, a população vê as ações com esperança, mas critica a falta de resultados concretos, o que se revela no aumento de 38% no número de assaltos em relação ao primeiro semestre do ano passado. Só neste mês, conforme o Sindicato dos Rodoviários, já ocorreram 136 investidas.
“Espero que deixar os ônibus com mais câmeras ajude a parar com os assaltos. Ninguém aguenta mais”, disse a aposentada Carmelita Gomes. “Mal não vai fazer. Só que não pode ficar só nisso”, avaliou a técnica de enfermagem Maria Neli, 47 anos.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Benilson Custódio, diz que a medida é importante, mas não a única necessária. “Não adianta colocar câmera, ver o bandido agir e não conseguir prender. Até porque câmeras os ônibus já têm”, avalia, criticando outra ação lançada nas últimas semanas como tentativa de barrar a violência no transporte público: a retirada de cobradores da linha TI Abreu e Lima/TI Macaxeira.
O argumento é de que, em veículos do tipo BRT, que não têm cobrador, assaltos também têm ocorrido, sobretudo no Corredor Norte-Sul, à noite. “Nossos números mostram que faltam 21 casos para que se chegue a mil assaltos, isso em sete meses do ano. Os órgãos estão lançando algumas ideias, mas o que é preciso é policiamento”.
Fonte: FolhaPE/Foto: Anderson Stevens

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