terça-feira, 14 de junho de 2016

Escolas com notas baixas ganham atenção no Pacto pela Educação

A Escola Estadual Governador Carlos de Lima Cavalcanti está localizada em uma das áreas que mais se valorizaram no Recife nos últimos anos. Bem perto do Sítio da Trindade e vizinha de prédios luxuosos, não tem em seu entorno mais próximo nenhuma comunidade de baixa renda. Por conta disso, seus alunos são das mais diversas localidades de Casa Amarela e adjacências. O perfil dos cerca de 900 estudantes é daquele jovem que já trabalha e ajuda nas despesas de casa e dispõe de apenas um turno para dedicar-se aos estudos.
Se a fachada da escola é acanhada, dentro ela bem que poderia se confundir com um estabelecimento particular. Há um amplo salão, os canteiros de plantas são bem tratados, a pintura das paredes está em dia e a decoração de São João, apesar de humilde, já deixa o ambiente ainda mais acolhedor. Não há uma única pichação. A diretora da unidade, Mariluce Neves, diz que isso é fruto de um trabalho de gerar um sentimento de pertencimento em todos que frequentam a escola. "A escola é nossa, é de todo mundo. Professores, funcionários, alunos. Passamos mais tempo aqui que nas nossas casas. É por isso que a escola não tem pichação, que a gente luta para ter a melhor merenda, a melhor aula, o melhor espaço", garante.
Outro grande desafio que a professora Mariluce toca à frente da escola é o trabalho para que esse sentimento de pertencimento se traduza também na melhora do desempenho escolar dos alunos. A Carlos de Lima Cavalcanti é uma das unidades da rede estadual que ainda não conseguiu atingir a nota de 3,4 em um dos indicadores de desempenho escolar utilizados no Pacto pela Educação (PPE), a ferramenta de gestão do Governo do Estado para elevar a qualidade do ensino em Pernambuco. Por isso, a escola de Casa Amarela está incluída no grupo das escolas prioritárias. São elas que contam com uma atenção toda especial dos gestores do Pacto, a fim de que o avanço apresentado nos últimos anos seja global e não de apenas algumas unidades.
Em 2011, havia 367 escolas que se encaixavam no perfil de prioritárias. Na época, as unidades que não alcançassem a nota 3,0 faziam parte desse grupo. “Nós não julgamos se a escola é boa ou ruim. A escola que atingiu um bom resultado precisa ser apoiada para continuar a crescer. Aquelas que não conseguirem atingir esse patamar, precisam ser olhadas de perto, com carinho, acompanhamento, pra gente po­der garantir que todo mundo chegue em um bom patamar. Não adianta algumas escolas ultrapassarem a nota 6,0 se outras não conseguem chegar à nota 3,0. É preciso um equilíbrio para que todos tenham oportunidades equivalentes”, comentou o secretário-executivo de Planejamento e Gestão da Secretaria de Educação do Estado, Severino Andrade.
O trabalho deu resultado. Até 2014, o número de escolas prioritárias caiu em 70%. Ao ponto de a gestão do Pacto ampliar a nota mínima que caracteriza o grupo. “Chegamos a 110 escolas com nota abaixo de 3,0. Para não diminuir o número de escolas atendidas pela nossa equipe, com esse trabalho mais próximo, levando a nossa estrutura, elevamos a nota para 3,4, que é a média Brasil do último Ideb (indicador nacional de desempenho). Assim, conseguimos atender a mais de 250 unidades”, explicou a gerente-geral do Núcleo de Gestão por Resultados na Educação da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado, Norma Guimarães.
Na quinta-feira passada, a Governador Carlos de Lima Cavalcanti sediou a reunião tática do PPE com outras quatro unidades da Gerência Regional de Educação (GRE) Recife Norte, uma das 16 espalhadas pelo estado. Nesses encontros, gestores governamentais do Núcleo de Gestão por Resultados na Educação e integrantes das gerências regionais analisam os dados dos relatórios bimestrais com o desempenho de cada unidade, colhem informações sobre as ações realizadas e debatem quais os ajustes ou novas estratégias que podem ser implementados para que as escolas busquem as metas estabelecidas pelo Pacto. Como o novo resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (Idepe) está próximo de ser divulgado, na reunião da semana passada também já foi possível falar sobre as projeções de notas de cada unidade. Ao que tudo indica, ainda não será dessa vez que a Carlos de Lima Cavalcanti deixará o grupo de prioritárias, mas a provável nota, acima de 3,0, arrancou um grito de felicidade da diretora da escola anfitriã.
“É o resultado da nossa luta, do esforço de todos”, comemorou Mariluce Neves. Mas ela reconhece que o avanço dificilmente seria alcançado se não houvesse o acompanhamento e as ações do Pacto pela Educação. "É bem interessante. Você tem a visão da escola como um todo, o que precisa melhorar. Educação é muito dinâmica, lida com o ser-humano, a família, a comunidade, a condição financeira. Essa possibilidade que a gente tem de olhar a escola de outra forma nos dá a oportunidade de rever conceitos", afirmou.
Fonte: FolhaPE/Foto: Divulgação/Reprod. Internet

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