quinta-feira, 16 de abril de 2015

Derrubada de árvores vira caso de polícia em Olinda

A derrubada de centenas de árvores para obras de urbanização da Bacia do Fragoso – incluindo a construção da Via Metropolitana Norte, em Olinda, no Grande Recife, virou caso de polícia. Inconformada com a ausência de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) para realização do serviço, a promotora de Justiça e Cidadania da cidade, Belize Câmara, requisitou o apoio da Polícia Militar, nesta quarta-feira, para interromper a supressão vegetal iniciada na última sexta-feira, em terreno da Sementeira Municipal, em Jardim Atlântico. Dois funcionários da obra foram levados à Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (Depoma), que abriu inquérito para apurar crime ambiental.

A Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) informa que a parte de supressão vegetal ficará suspensa até que o Estado entre em acordo com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), mas os demais canteiros voltam a funcionar normalmente nesta quinta-feira.

“A empresa não tem culpa, ela possui autorização para o serviço, portanto os funcionários foram ouvidos e liberados, mas vamos investigar quem deu a licença sem o EIA-Rima e essa pessoa pode responder por crime ambiental”, informa o delegado de meio ambiente, Erivaldo Guerra. 

Belize Câmara diz que foi informada da derrubada de 31 árvores de variadas espécies. “Os dois baobás existentes na área foram salvos quando paralisamos a obra”, destaca.

“Não temos nenhum tipo de restrição jurídica à obra. A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) entendeu que o EIA-Rima não é necessário, mas há um estudo de 150 páginas”, declara o secretário de Habitação e presidente da Cehab, Marcos Baptista. A CPRH encaminhou informações solicitadas ao MPPE à tarde. “Vou analisar o material e ver se me convencem, caso contrário entraremos com ação judicial”, salienta Belize, que recomendou suspensão da obra até elaboração do EIA-Rima.

A derrubada das árvores chocou moradores. “Era a motosserra trabalhando e os pássaros fugindo. Aqui tinha várias espécies. Sagui,  galinha d’água, tartaruga, pica-pau... Não sou contra a obra, mas deveriam ter encontrado formas menos impactantes”, diz a técnica em enfermagem Andrea Accioly. “O Estado tem menos de 150 baobás e ainda querem tirar esses. É triste ver  árvores virando madeira para ser queimada no São João”, complementa o bancário Jairo Dantas, 59.

Fonte: NE10/Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

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