quarta-feira, 29 de abril de 2015

CULTURA: Lia de Itamaracá nos Cinemas

Grandiosa na vida real, Lia de Itamaracá fica ainda maior numa tela de cinema. A Rainha da Ciranda tem atraído a atenção de cineastas e já foi retratada em pelo menos seis filmes, além de videoclipes e programas de TV, como a minissérie Riacho doce (1990). No próximo sábado, no festival Cine PE, ela será vista e ouvida na tela do São Luiz, onde será projetado o curta-metragem Encantada, dirigido pela artista Lia Letícia.


“Fico bem grandona no cinema, mas é no palco que eu cresço de verdade”, diz a cantora, que tem 1,80m de altura. Além de ser tema de Encantada, ela também aparece no premiado longa-metragem Sangue azul, de Lírio Ferreira, filmado em Fernando de Noronha, que entra em cartaz nos cinemas em junho. “Lia é muito ela, muito espontânea e especial. Nas filmagens, a gente criava um clima e a deixava à vontade, sem muita marcação de cena. O show era dela”, descreve o cineasta.


Encantada, já premiado no festival Festcine, oferece ao público um novo olhar sobre a cirandeira, revelada aos poucos, a partir de detalhes de seu corpo e seu vestido, em um barco que navega ao redor de Itamaracá. “Eu tinha em mente tentar retratar Lia de outra forma, menos folclórica, mais humana”, explica a diretora.

No final do curta, a cantora interpreta, à capela, uma canção de Reginaldo Rossi, com o verso “Itamaracá é uma ilha encantada”, que inspirou o título do filme. “Essa música sempre surge na minha cabeça”, revela a cirandeira. “Ela amava Reginaldo e cantou naturalmente. Ela tem uma aura de entidade, uma presença que vem do mundo dos encantados”, considera Lia Letícia.


Lia de Itamaracá também encerra o curta-metragem Recife frio (2009), de Kleber Mendonça Filho, um dos filmes brasileiros mais premiados de todos os tempos (disponível na internet). No falso documentário, ao retratar um fenômeno climático fictício que reduz a temperatura de Pernambuco, o cineasta teve a ideia de mostrar uma ciranda, na praia de Itamaracá, com as pessoas vestidas com roupas de inverno.

A rainha também já foi transformada em desenho animado pelo animador Lula Gonzaga, no clipe que produziu para a música Eu sou Lia. Ela ainda foi tema de dois documentários: Eu sou Lia (2003), de Karen Akerman, e O mar de Lia (2010), de Hanna Godoy, que a mostra na praia em contato com uma boneca gigante produzida em Olinda.

Em todos esses filmes, Lia interpreta a si mesma. A única vez em que ela viveu uma personagem de ficção foi em Memorial de Maria Moura, longa-metragem da cineasta Leilany Fernandes, baseado na obra de Raquel de Queiroz, rodado no ano 2000, que nunca foi finalizado.

FILMOGRAFIA

Parahyba mulher macho (1983), de Tizuka Yamazaki 
Recife frio (2009), de Kleber Mendonça Filho
Eu sou Lia (2003), de Karen Akerman
O mar de Lia (2010), de Hanna Godoy
Encantada (2014), de Lia Letícia
Sangue azul (2014), de Lírio Ferreira

Lia quer reconstruir 
A cantora atualmente luta para reerguer o Centro Cultural Estrela de Lia, localizado na praia de Jaguaribe, em Itamaracá, onde são realizadas atividades educativas e culturais. Parte do espaço foi destruída pelas chuvas em janeiro de 2009 e desde então ela busca recursos para a reconstrução. No final de 2014, o deputado estadual Guilherme Uchôa encaminhou à Assembleia Legislativa uma emenda parlamentar que destinaria R$ 100 mil ao projeto, mas a verba ainda não foi liberada. Há duas semanas, a Secretaria de Habitação, que tinha um programa para revitalizar a orla, divulgou que R$ 350 mil seriam investidos na obra do Estrela de Lia, mas a cirandeira e sua equipe não tiveram acesso a mais informações sobre esse investimento. Nos últimos dias, eles têm procurado o governo para tentar agendar uma reunião, só que ainda não conseguiram resposta sobre uma possível data para serem recebidos.

Fonte: Pernambuco.com/Foto: Cinemascopio/Divulgacao

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