Esta segunda, várias nações sairão em passeata pela capital, mostrando a legítima tradição dos terreiros pernambucanos
Uma verdadeira aula de história será contada, mais uma vez, esta segunda (4), pelas ruas do Centro do Recife. A resistência de homens e mulheres que combatem o preconceito religioso e racial, tomará corpo durante a 7ª Caminhada dos Terreiros de Pernambuco. O evento é uma oportunidade única de conhecer a riqueza cultural religiosa afro-brasileira, que se traduz nas manifestações do candomblé, da umbanda e da jurema.
As três grandes vertentes espirituais de raízes negras e indígenas formaram-se em diferentes regiões e estados do país e em variados momentos da história do Brasil. Por isso, elas adotam rituais e versões mitológicas derivadas de tradições africanas diversificadas, como também, adotam nome próprio. No Maranhão e no Pará, por exemplo, a nomenclatura candomblé torna-se tambor de mina. “A concepção africana é a de que Deus é o que está aí na natureza. Nós acreditamos, de fato, que Deus está manifestado em tudo que a gente faz e, para isso, as divindades africanas têm nomes específicos que cuidam e zelam por essa natureza”, explicou a coordenadora religiosa da caminhada, a ialorixá (mãe de santo) Elza de Iemanjá.
Nagô, Ketu, Angola e Jeje são as nações africanas que se estabeleceram no território pernambucano e conseguiram desenvolver, ao custo de muita perseguição, os cultos afro-brasileiros. O candomblé é uma religião mágica e ritualística que acredita na pluralidade de deuses, que exercem diferentes poderes e funções na vida humana. Estas divindades são mais popularmente conhecidas como orixás e possuem funções e poderes específicos, condizentes com os traços da própria personalidade. Além disso, são dotados de símbolos, roupas, cores, batidas de batuque e canções próprias. Essas particularidades mudam de acordo como terreiro e a nação que o orixá está integrado.
O Observatório Transdisciplinar das Religiões no Recife define a umbanda como uma religião brasileira, que sincretiza vários elementos do catolicismo, do espiritismo e das religiões afro-indígena-brasileiras. A noção básica é a da reencarnação, segundo a qual o umbandista que obedece às ordens do culto reencarnará numa situação social superior, formando uma cadeia sucessiva, até a bem aventurança final. A umbanda irradiou-se a partir do Rio de Janeiro, com uma tradição espiritual originada no culto dos bantos - uma nação africana - às almas dos antepassados.
Já a jurema é uma árvore sagrada que originou um culto entre os indígenas do Nordeste brasileiro, atualmente, reapropriado por várias tradições religiosas. Por meio de cantos, danças, infusões, cachimbos e dizeres sagrados, os índios se colocam em contato com seus antepassados e com outros seres do plano espiritual. Nos cultos da jurema existe a figura dos mestres, que ocupam a função de líderes, responsáveis pela incorporação de espíritos que curam e aconselham os praticantes, mais conhecidos como juremeiros.
Fonte: FolhaPE/Foto: Wagner Ramos
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