Na
semana em que celebramos o “sim à vida”, tomemos consciência que a vida humana
se faz presente desde o momento da fecundação dos gametas feminino e masculino
até a morte física de uma pessoa. Porém celebrar a vida é respeitar o ser
humano em todas as suas fases.
No
Brasil como em outros países o programa pró-aborto, defende a descriminalização
desta prática, afirmando ser este um assunto que não diz respeito às religiões,
mas a saúde pública. Porém este é um assunto que provoca fortes reações e
discussões acaloradas.
Há
quem defenda o aborto, como também há quem o abomine. O cristianismo não mede
esforços para celebrar a vida intrauterina, e isso é mais do que certo, pois os
cristãos, bem como todo ser humano, são convidados por Deus a preservar a
vida. Em Êxodo 20,13 temos - “Não matarás”.
Deus
não faz distinção entre vida em potencial e vida real, ou seja, entre uma
criança ainda não nascida no ventre materno, em qualquer que seja o estágio, e
um recém-nascido ou uma criança. A distinção quem faz são os homens,
geralmente, sem sensibilidade apurada que visam não o bem comum, mas que são
excludentes, egoístas e motivadas pelo lucro.
Como
cristãos nós temos que tomar nossas decisões, sempre observando a vontade de
Deus. Devemos agir de acordo com a ética cristã e optando sempre pela vida. Mesmo
que para isso sejamos tachados de retrógrados, caretas etc.
Nada
mais justo do que o respeito mútuo. Tudo não passa de uma visão ou leitura da
realidade. Não seria uma solução, mas um paliativo se, para a briga entre
abortistas e cristãos, ambos respeitassem suas opiniões. Quem é a favor do
aborto viveria sua prática sem ferir quem é contra o aborto e vice-versa. Isso
não seria uma fuga da realidade, mas amenizaria e muito as brigas. Acredito que
o cristianismo ao invés de lutar a favor da criminalização do aborto ele
deveria intensificar seu programa de conscientização em prol do sim à vida,
mostrando ao mundo que embora você tenha o direito de abortar perante a lei
isso não é lícito nem tão pouco ético segundo o direito natural e a lei divina.
Que os abortistas permitam que os cristãos pensem diferente, se desejam optar
pela vida desde a concepção que optem. O grande erro do mundo atual é a
intolerância. Por não tolerar o diferente é que muitos conflitos são evocados.
A opção quem faz é o homem, se ele escolherá a vida ou a morte isso cabe a sua
consciência e não serão as religiões que o proibirão de matar ou não.
De
que adianta lutar pela vida intrauterina se, constantemente, eu destruo a vida
interior da pessoa humana. Qual morte seria pior? Aquela que impossibilita que
seres humanos tenham o direito de também vir ao mundo extrauterino ou aquela
que impossibilita que o ser humano, já nascido, tenha razões para viver e ser
feliz? Talvez não percebamos, mas toda vez que desmotivamos alguém ou o
impedimos de sonhar e prosseguir de ter esperanças, isso também é matar. E isso
tem acontecido muito, tanto com quem vive dentro, quanto com quem vive fora da
Igreja. “Não adianta ir à igreja rezar e fazer tudo errado”. As nossas ações é
quem dirão se fomos ou não a favor da vida.
A opção da Igreja é clara: “tenho proposto a vida e a morte, a bênção e
a maldição; escolhe, pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt
30,19).
Quando
a “Igreja”, apenas valoriza e intensifica seu discurso em favor da vida do
nascituro e não dá a mínima as necessidades humanas, em geral, tornando-se
indiferente, excluindo ou descriminando qualquer pessoa pobre, rica, de classe
média ou por mais pecadora que ela seja, não estaria ela fazendo distinção de
valores entre a vida em sua fase adulta e a vida em sua fase uterina? A Igreja
deve possuir um discurso e uma práxis que valorize a vida em todas as suas
fases, porém ela não é leiga, ela sabe como deve portar-se, no entanto, apesar
de seus mais de 2 mil anos de existência, ela ainda não aprendeu, por
excelência, a viver o que prega e a pregar o que vive. Existe um enorme abismo
entre a sua fala e a sua prática.
Aqui,
afirmo não ter tido a intenção de colocar-me, nem induzir alguém, a ficar ou
permanecer contra as leis da Igreja se, por ventura, alguém vier a pensar desta
seguinte forma. Desde já retrato-me publicamente de todo pensamento, não
intencional, subversivo a doutrina da Igreja.
Por Ábdon Santana/Estudante de Teologia pela UNICAP
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