segunda-feira, 18 de julho de 2016

Bailarina pernambucana faz performance na sede da Compassos

Solo de Patrícia Pina Cruz pode ser visto durante o projeto Dança da algibeira

Quando o gameta masculino (espermatozoide) e o gameta feminino (óvulo) se fundem, eles dão origem ao zigoto, primeiro estágio do organismo multicelular que é o ser humano. Esta célula inicial, que ainda não é homem e nem mulher, batiza o mais recente solo “work in process” de Patrícia Pina Cruz, bailarina pernambucana radicada em São Paulo. “Z.I.G.O.T.O” pode ser visto pelo público recifense nesta segunda-feira, durante o projeto “Dança da algibeira”, promovido pela Compassos Cia. de Danças, em sua sede no bairro do Recife, a partir das 19h.

“Esse trabalho surgiu a partir da pesquisa ‘Sob a pele’, de 2009, que trata da ancestralidade e é inspirada na dança japonesa butô”, rememora Patrícia. A performance busca tensionar questionamentos a respeito da igualdade de importância entre os gêneros. É uma obra declaradamente feminista, de acordo com sua intérprete-criadora. “O próprio título revela essa intenção de exaltar a igualdade social, política e econômica entre homens e mulheres”, aponta.

Com este novo trabalho, a bailarina pretende desconstruir a cultura de dominação impregnada em nossa sociedade e que oprime, especialmente, as mulheres. Essa percepção é influenciada, em parte pelas memórias pessoais da artista. “Nasci numa família patriarcal. Sou filha de um pai branco e de uma mãe descendente de africanos. Conheci de perto, desde pequena, o racismo e o machismo”, revela. “Quero disponibilizar meu corpo para ser uma voz que fala contra toda forma de injustiça e opressão”, completa.

Assinado pela pernambucana, o cenário da apresentação pode ser encarado como uma instalação. Trata-se de dois corpos transparentes - chamados de espectros - representando o masculino e o feminino e que, no final, se transformam em algo diferente. O projeto “Dança da algibeira” também conta com encenação da performance “Rito”, de Januária Finizola, com direção de pesquisa de Patrícia. Ela também comandará uma oficina de treinamento de presença na sede da Compassos, amanhã e quarta-feira, das 15h as 18h.

“Z.I.G.O.T.O” já teve dois compartilhamentos em São Paulo. A próxima apresentação está agendada para o dia 2 de agosto, durante o Dança à Deriva - 4ª Mostra Latino-Americana de Dança Contemporânea, que será realizada na capital paulista. “Essa obra ainda é só um embrião, que vai crescendo com o contato com o público. Vou absorvendo também coisas da atualidade, como o caso do estupro coletivo no Rio de Janeiro. No futuro, gostaria que isso se transformasse em um espetáculo fechado, com financiamento”, divide.

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Apresentação de “Z.I.G.O.T.O” e “Rito”
Quando: Hoje, a partir das 19h
Onde: Compassos Cia. de Danças (rua da Moeda, 93, Recife Antigo)
Quanto: Contribuição espontânea a partir de R$ 5
Informações: (81) 99994-5629

Fonte: FolhaPE/Foto: Divulgação

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