Concessão de seguro-desemprego à categoria causaria elevação nas despesas de pelo menos R$ 1,6 bi por ano aos cofres públicos.
A PEC dos empregados domésticos completa dois anos em abril de 2015 sem
que esses trabalhadores tenham acesso a novos direitos como FGTS
obrigatório, seguro-desemprego e salário-família. O projeto de
regulamentação já passou pelo Senado, mas depende da aprovação da Câmara
e de um sinal verde do governo para avançar no Congresso. O aperto nas
contas públicas é um dos principais obstáculos à regulamentação, porque o
projeto trará aumento de gastos para os cofres públicos.
Segundo projeções conservadoras do Ministério do Trabalho, o impacto no
seguro-desemprego será de R$ 1,648 bilhão por ano, mantidas as regras
atuais para os domésticos, de três parcelas. Caso se adote o sistema que
vigora para os demais trabalhadores, de até cinco parcelas, o custo
seria da ordem de R$ 4,785 bilhões. Hoje, só tem direito ao
seguro-desemprego o trabalhador doméstico com conta no FGTS, que é
opcional para o patrão.
Em dezembro, a presidente Dilma Rousseff vetou a redução da
contribuição previdenciária para os domésticos de 12% para 6%, sob
alegação de que a proposta de regulamentação em tramitação na Câmara é
mais adequada, porque trata dos novos direitos da categoria de forma
mais ampla. A orientação do Planalto à base aliada no Congresso,
entretanto, é segurar a votação de projetos que representam despesas
para a União.
CARÊNCIA PARA DIREITOS VIGORAREM
Ainda que
haja um esforço no sentido de aprovar a regulamentação nos primeiros
meses do ano, haverá um prazo de carência de 120 dias para que os novos
direitos comecem a vigorar. Se houver emendas, a proposta retornará ao
Senado, o que atrasará o processo.
Para o presidente do Instituto Doméstica Legal, Mário Avelino, a
justificativa para o veto à redução das contribuições foi uma
"desculpa". No texto, a presidente alegou ainda que a redução da
contribuição previdenciária resultaria em perda de arrecadação de R$ 600
milhões, "não condizente com o momento econômico atual":
— Os mais prejudicados são os milhões de trabalhadores que continuarão na informalidade.
De acordo com o IBGE , existem 6,473 milhões de empregados domésticos no país. Só 2,122 milhões têm carteira assinada.
Quando a PEC foi aprovada, os empregados domésticos passaram a ter
direito à jornada diária de oito horas (ou 44 semanais) e horas extras. A
demora na regulamentação traz insegurança para as famílias, diz o
senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator da regulamentação na comissão
mista. Segundo ele, a votação de projetos polêmicos no fim do ano
atrapalhou o tema.
Fonte: O Globo/Foto: Marcos Alves
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