A morte do sargento da Polícia Militar (PMPE), Carlos Silveira do Carmo,
de 44 anos, durante rebelião no Complexo Prisional do Curado na última
segunda-feira (19), acirrou os ânimos dentro da PMPE e uma possível
paralisação das atividades pode ocorrer nos próximos dias. Os servidores
ainda encontram-se indignados com a falta de aumento salarial da
categoria, fato que provocou uma greve da polícia no ano passado. Uma
reunião para debater as condições de trabalho e salário da categoria,
agendada pelo deputado estadual Joel da Harpa, ocorre às 14h desta
quarta-feira (21), no Centro de Convenções, em Olinda. De lá, a
Associação de Cabos e Soldados da PMPE convoca a categoria para uma
caminhada pacífica até o Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo
do Pernambuco.
De acordo com o presidente da Associação dos Militares do Estado
(AME-PE), Capitão Assis, as Associações tentaram entrar em contato com a
nova gestão do Governo do Estado para debater a situação da categoria,
porém, até o momento, não obtiveram sucesso. “Há uma grande insatisfação
dentro tropa. Estamos insistindo para que haja um diálogo com o Governo
e temos tentado entrar em contato com o novo secretário de Defesa
Social. Até agora, não conseguimos”, afirmou.
“Existe um barril de pólvora na PMPE. E há, sim, a possibilidade de
haver uma paralisação, especialmente após a morte de um companheiro em
exercício de sua atividade”, afirmou. O Capitão enfatizou que nenhuma
das entidades de classe está convocando um movimento paredista, mas
explica que o sentimento vem da base e há um perigo iminente de haver
mais uma revolta dentro da Polícia. A Secretaria de Defesa Social (SDS)
informou que não há nenhuma reunião agendada com as Associações.
Segundo o presidente da Associação de Cabos e Soldados, o cabo Alberison
Carlos, o objetivo da passeata é criar um canal de diálogo com os
governantes. "Nós sabemos que o governador Paulo Câmara (PSB) assumiu o
mandato há apenas 20 dias, mas o partido dele já está no poder há oito
anos. A situação da PMPE já estava pautada desde o ano passado",
declarou Alberison.
Conforme informou o deputado estadual Joel da Harpa, que toma posse no
próximo dia 1º de fevereiro na Assembleia Legislativa (Alepe), o
objetivo do encontro é elaborar uma pauta de reivindicações da
corporação para ser apresentada ao Estado. “O intuito é preparar e
planejar as ações da categoria para o próximo período”, afirmou. Em
consonância com as entidades de classe da PM, para Joel, é real a
possibilidade de haver uma greve dos militares. “A tropa é soberana. Há
uma insatisfação desde o último movimento. Hoje, os policiais estão
indignados não apenas com os salários rebaixados, mas com o andamento do
plano de cargos. Há grande demora nas promoções”, informou o
parlamentar. Ele acredita que um movimento paredista pode surgir de
forma espontânea.
Pesar
Um sentimento de comoção tomou conta das corporações policiais e de
segurança do Estado após a morte do sargento. Uma carreata com dezenas
de viaturas da PMPE ocorreu pelas ruas do Recife, durante a tarde desta
terça-feira (20), em homenagem ao policial, cujo corpo foi velado no
cemitério Parque das Flores. Na parte externa do cemitério, foi possível
observar uma grande fila de veículos oficiais da Polícia, presente
nessa última homenagem.
O Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sinpol-PE) publicou uma nota
de pesar e realizou um Culto Ecumênico na manhã de hoje na sede da
intuição em memória de Silveira. Para o presidente da entidade, Áureo
Cisneiros, é em momento de perda. “As más condições de trabalho podem
ser observadas em ambas a polícias: Militar e Civil. A mesma ameaça que
fez o sargento tombar é sofrida por nossa categoria diariamente. Para se
ter uma ideia, o efetivo da PCPE, atualmente, funciona apenas com 40%
dos servidores. Com isso, a polícia fica vulnerável”, explicou Áureo.
“Os policiais civis permanecem em luto durante três dias”,
solidarizou-se o sindicalista.
O Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado
de Pernambuco (Sindasp-Pe) também de pronunciou sobre o falecimento do
PM. “Lamentamos profundamente a morte de mais um irmão, policial
militar, nos serviços da guarda externa, que tombou no exercício de sua
função. Para o Sindasp-PE, esta tragédia, como muitas outras, revela o
total apagão do Sistema Penitenciário em Pernambuco, que merece ser
revisto com urgência e presteza”, afirma nota oficial. Segundo o
Sindicato, há um déficit de pessoal de 4.700 agentes penitenciários.
Fonte: FolhaPE/Foto: Reprodução
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