População abraçou Eduardo e toda a família Campos no decorrer do cortejo que levou o corpo do ex-governador ao Palácio do Campo das Princesas
O guerreiro povo brasileiro. Por onde o cortejo com o corpo do
ex-governador Eduardo Campos e seus assessores passava, as palmas davam o
tom da reverência e do respeito de uma gente ao seu representante. No
caminhão do Corpo de Bombeiros, ao lado do caixão, Maria Eduarda, João e
Pedro cerravam os punhos e se juntavam ao coro que vinha das ruas. Em
seus olhos, ainda vermelhos diante do cansaço traumático, havia um
brilho. O reconhecimento que vinha das ruas parecia impactá-los como um
abraço. A serenidade surpreendia. Embaixo, nas ruas, pessoas de todas as
idades se misturavam entre o bater das palmas e o enxugar das lágrimas.
Em presença, o líder se foi, mas a história já eternizou Eduardo Campos
numa lembrança viva dos pernambucanos.
“É maior que a surpresa da morte, porque representa muito mais tristeza pela forma como se deu. Ele representava a minha esperança de mudança e transformação”, afirmou o médico Demétrius Montenegro, 42 anos, que aguardava a passagem do cortejo na avenida Visconde de Albuquerque, na Madalena. Ao seu lado, familiares não contiveram as lágrimas. De olhos fechados, estava claro que os pensamentos não aceitavam a forma trágica e repentina que vitimou Eduardo Campos. As bandeiras de Pernambuco e do Brasil também serviram para enxugar lágrimas.
Já era domingo, mas o último adeus precisava ser dado. “Ele era um
homem com ideias e de braço forte. Poderia fazer muito pelo País”,
afirmou o italiano Guillianno Riveira, 72, que saiu da sua casa no
bairro do Derby. Ele e tantos outros estavam na avenida Norte Miguel
Arraes de Alencar – nome do avô de Campos, que faleceu no mesmo dia do
neto, nove anos antes.
Já nas proximidades do Palácio do Campo das Princesas, local do velório,
a Cavalaria se juntou ao carro que carregava o caixão e deu a tônica.
Maria Eduarda, João e Pedro continuavam ecoando o coro popular. Na
cabine do carro, Renata Campos estava com José, ou Zé, como é
carinhosamente chamado seu quarto filho. Tão novo, o menino olhava por
entre a janela do veículo, acompanhando com os olhos a efervescência que
vinha das ruas. A lucidez relatada nos últimos dias de Renata Campos se
manteve. Quanto mais o cortejo se aproximava do seu destino, mais as
pessoas se emocionavam. De dentro do carro, a primeira dama sorriu,
agradeceu.
Em frente ao Palácio, uma multidão esperava com faixas, cartazes, velas e
calor humano. Eduardo Campos estava sendo abraçado pelo seu povo.
Talvez o resto do Brasil possa não entender a representação de Eduardo
Campos para Pernambuco. Não se trata, apenas, da morte de um político. O
Estado não perdeu um ex-governador, mas sim um líder e um representante
do seu povo. A dor da despedida era uma resposta do povo. Não, Eduardo,
Pernambuco não desistiu do Brasil.
Fonte: FolhaPE/Foto: Leo Motta
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