É
deplorável, exaustivo e uma perda de tempo discutir sobre religião ainda mais
quando esta discussão não é sadia, mas fruto da intolerância.
Toda
intolerância é ruim. Pior, ela se torna, quando se traveste de religiosa. Ao
invés de promover a paz e união, contradizem-se quando não vivem o que pregam.
Toda divisão é fruto de um diabo (divisor) entre nós.
Discutir
religião dá no mesmo que discutir sobre política, cultura, time de futebol etc.
É uma questão de preferência. Somos diferentes uns dos outros. Gosto é uma
questão pessoal, cada um tem o seu. Não que a religião seja um suvenir, mas
religião é um dado cultural, por isso, dependendo de nossas raízes, determinada
religião será ou não algo bom. Discutir religião só ocasiona desgaste físico e
psicológico.
Por
mais que alguém fundamente sua prática religiosa, em qualquer que seja a
Revelação “divina”, será sempre mais um revestido de convicções e paradigmas.
Desejar ou acreditar que sua religião seja ou mantenha o depósito da graça
divina é um direito reservado a cada instituição, porém, proibir esse direito
aos outros é egoísmo. Deus não trabalha ao lado de pessoas que não amam o bem
comum.
Não
que seja bom, mas ao menos é compreensível que haja desencontros entre
religiões, que não estão 100% de acordo, quando o assunto em jogo é a sua visão
sobre Deus, por mais que sejam monoteístas como é o caso do cristianismo e do
Islamismo, porém é inconcebível que entre os cristãos, católicos e protestantes,
ainda aconteçam brigas infantis, e porque não dizer irracionais, entre si. Uma
das razões para este embate é a prática do proselitismo, ou seja, o desejo de
angariar mais e mais adeptos a sua religião como se o aumento no número de
fieis garantisse que determinada religião é a certa. Almejar “converter” alguém
a religião “A” ou “B” não faz sentido. Haveria mais sentido “converter” alguém para
o judaísmo, já que Cristo antes e depois de sua morte e ressurreição e os apóstolos
bem como os discípulos mantiveram-se como bons e fieis judeus, do que para
qualquer outra denominação religiosa.
Deturpou-se
o significado do termo etimológico da palavra “Religião”. Perdeu-se seu sentido
de “re-ligar” e por isso o mais importante é “converter” e não fazer com que o
homem alcance a Deus. Minha religião acaba sendo minha identidade, a medida em
que ela é promovida eu também sou. Pura
perda de tempo. O tempo que se gasta discutindo, se Deus proíbe ou não fazer
imagens, se a Virgem Maria é ou não a Mãe de Deus, se Cristo fundou ou não uma
Igreja, se os livros da Sagrada Escritura são 73 ou 66, seria o tempo em que
poderíamos dar de comer a quem sente fome, de beber a quem tem sede, seja de
alimento material ou espiritual, afinal de contas no fim de nossas vidas Ele não
pedirá que apresentemos nossa carteirinha de filiação a uma instituição
religiosa, mas nossa opção fundamental pelo bem que integra e restitui a
dignidade humana. “Uma religião é tanto mais verdadeira quanto mais colabora
para a construção do Reino e não pela preservação de mitos e ritos” (P. KNITTER
– Teólogo americano).
Por Ábdon Santana
Estudante de Teologia pela UNICAP
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