
No ano em que o País receberá a Copa do Mundo, um estudo feito pela Ceplan
Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan) aponta que o número de carros em
circulação irá duplicar. Na Região Metropolitana do Recife (RMR), por exemplo,
de 2001 até o ano passado, o índice de pessoas por carro caiu 37%. Isso quer
dizer que em 2001 havia um carro para cada 10,7 habitantes, enquanto que em 2011
era um para cada 6,7 habitantes. A estimativa é que em 2014 haverá um carro para
cada cinco habitantes na RMR, crescendo ainda mais o fluxo de veículos nas vias.
Os dados foram apresentados durante uma coletiva realizada nesta quarta-feira
(07), na sede da Ceplan, no bairro das Graças, no Recife.
“A mobilidade urbana vai sofrer um forte agravamento. Em 2014 vão existir
muito mais automóveis rodando na cidade e a infraestrutura não cresceu para
acomodar essa frota que está se estruturando”, comentou o economista e diretor
da Ceplan, Jorge Jatobá. Segundo ele, novos investimentos serão necessários. “É
preciso uma forma de desafogar o Centro como, por exemplo, tirar os caminhões da
perimetral do Recife, regulamentar o transporte de carga e descarga durante os
dias úteis, talvez até instituir tarifas de pedágios urbanos. Dessa forma,
evitando uma situação de caos, de completa imobilidade”, disse o economista.
Ainda de acordo com o estudo, o crescimento médio da frota de veículos ao ano
na RMR, entre a década analisada, duplicou. O resultado foi um acréscimo de
7,6%, significando que de 448 mil veículos a quantidade passou para 930 mil.
Deste índice, o que chama a atenção é o aumento anual de motocicletas que chegou
a 15,8%, enquanto os ônibus obtiveram um resultado de praticamente um terço da
quantidade: 5,5%. O número de linhas de ônibus foi reduzido para 337 na RMR,
podendo o fato ser justificado pela acelerada procura da população por
transporte particular.
“Como o transporte público não é de qualidade, então, as pessoas de classe
média não usam muito transporte coletivo. Ele se desloca lentamente, não é
climatizado e oferece riscos à segurança. Então se elas tiverem a oportunidade
de usar seu automóvel, uma motocicleta ou uma bicicleta, elas vão preferir”,
declarou Jatobá, a respeito dos ônibus. Ainda de acordo com o especialista, o
crescimento na quantidade de motos nas vias deve-se, entre outros fatores, a
facilidade de deslocamento. “Houve um aumento da renda do emprego, mas o que
mais motiva esse crescimento é a enorme facilidade da moto em se deslocar com
mais rapidez dentro de um trânsito caótico como o da RMR. Então há fatores
econômicos e outros de mobilidade”, completou.
Com o estudo, Jatobá ainda concluiu que a probabilidade é de que a quantidade
de acidentes cresça, seja envolvendo colisões, atropelamentos ou derrapagem de
motos. Em 2010, Recife encontrava-se na 11ª colocação do ranking das capitais
brasileiras envolvidas em acidentes com ferimentos fatais e era a 3ª colocada no
ranking de vítimas não fatais, tendo em vista que essas podem ficar imobilizadas
até o final da vida. Agora, o presidente da Ceplan pretende que as prefeituras,
ao desenhar as políticas públicas de mobilidade, levem em conta os indicadores e
os fatos estudados.
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Por MARINA FALCÃO /Foto: Déborah de Brito
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