Além do Complexo Prisional do Curado,
antigo Aníbal Bruno, na Zona Oeste do Recife, o Ministério Público de
Pernambuco (MPPE) também solicitou à 1ª Vara de Execuções Penais do
Recife a interdição parcial do Centro de Observação e Triagem Professor
Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, e do Presídio de Igarassu. Se
acatados pelo juiz Luiz Rocha, os pedidos fariam com que novos presos
não pudessem ser admitidos nas unidades até que o Governo de Pernambuco
resolva os problemas apontados, como a superlotação, o baixo número de
agentes penitenciários e os problemas de atendimento médico nas unidades
prisionais. A interdição total, quando o presídio tem que ser fechado e
os detentos transferidos é a última opção.
O principal problema das unidades é a
superlotação. O Complexo Prisional do Curado tem cerca de 6 mil
detentos, entre sentenciados e temporários. A capacidade é para 1,3 mil
presos. O Cotel tem capacidade para 732 detentos e comporta hoje 2.773
pessoas. O Presídio de Igarassu possui 3.640 presos e capacidade para
507 pessoas.
De acordo com Luiz Rocha, Pernambuco é o segundo estado com o maior
problema de deficit de vagas no sistema penitenciários do País, atrás de
São Paulo. Faltariam 20 mil vagas para atender a demanda atual. Hoje,
existem 31 mil detentos em todo o Estado.
Os pedidos para interditar o Cotel e o
Presídio de Igarassu foram feitos no dia 14 de novembro e o juiz Luiz
Rocha instaurou um procedimento de controle administrativo (PCA) no dia
20. A partir da notificação do PCA, as Secretarias Estaduais de Direitos
Humanos e de Ressocialização têm 20 dias para apresentar a posição do
Estado e apontar soluções para os problemas apresentados pelo MPPE que
possam servir de alternativa às interdições.
O procedimento em relação ao Complexo
Prisional do Curado foi instaurado na tarde desta sexta-feira (5). Este
segundo pedido de interdição do Ministério Público foi feito na última
terça (2).
“A gente precisa analisar quais são as
condições para dosar quais medidas serão tomadas”, afirmou o magistrado.
Entre as visitas do MPPE e o ajuizamento da ação, a realidade das
unidades prisionais pode ter mudado. O próprio Ministério Público
reconhece que houve uma melhora no tratamento médico.
Por outro lado, o deficit de vagas foi
agravado. Segundo o juiz, nos últimos seis meses, a quantidade de presos
que ingressaram em todas as unidades prisionais de Pernambuco foi
superior aos que ganharam liberdade.
“Existe a possibilidade de remanejar
reeducandos”, admite o juiz. O presídio de Igarassu, por exemplo, é
composto por detentos vindos de cadeias públicas da região. “O que eu
preciso ouvir do Estado são soluções de curto prazo”, diz Luiz Rocha.
Fonte: Blog de Jamildo/Foto: Guga Matos
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