quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Vendedores e visitantes reclamam de 'acarajé requentado' na Sé, em Olinda

Vendas caíram desde que Prefeitura impediu que fritassem quitute na hora. Município diz que piso ficava sujo e não pretendereconsiderar proibição.

O Alto da Sé, em Olinda, é um dos pontos mais visitados da cidade, por causa da igreja de mesmo nome e da vista que oferece para o Recife. As tapiocas são outro motivo que leva turistas e moradores ao local, já que o modo de fazer o quitute no Sítio Histórico foi até tombado como patrimônio imaterial da cidade. Habilidosas, as tapioqueiras também são procuradas por outra comida: o acarajé. No entanto, as vendas do produto caíram desde que a Prefeitura proibiu que elas o fritassem na hora. Atualmente, é preciso levar o bolinho de feijão pronto, de casa, e requentar quando o cliente quiser comprar, gerando um descontentamento entre vendedores e visitantes do maior ponto turístico da Cidade Alta.

Tudo começou com as obras de requalificação do Alto da Sé, iniciadas em março de 2008. Cerca de dois anos depois, as tapioqueiras foram remanejadas, sendo deslocadas um pouco mais para perto do prédio do Observatório Astronômico. Desde então, segundo as comerciantes, elas foram proibidas de fritar acarajé e vender espetinho ou bebida alcóolica. Esses dois últimos pontos já foram reconsiderados pelo governo municipal; só a questão do acarajé ainda não foi resolvida.
"Eles disseram que o problema era a sujeira, já que muitas jogavam o óleo usado no chão. Mas, no fundo, acho que eles querem valorizar mais a tapioca, e deixar o acarajé só para a Bahia. Só que isso é ruim para a gente, pois a gente não vive só do turismo, tem pessoas que moram aqui e gostam de comprar, e frito na hora é mais gostoso”, pontua a tapioqueira Severina Maria de Souza.

Com a proibição, as vendedoras têm que fritar o acarajé em casa e requentá-lo no ponto de venda, além dos ingredientes que vão no recheio, como o vatapá, camarão e vinagrete. Em algumas barracas, a comida fica dentro de estufas, que só podem ser ligadas a partir das 18h. As comerciantes também reclamam que não podem usar microondas por causa da corrente de energia, que seria fraca no local. Tanto empecilhos fizeram algumas delas desestirem de vender acarajé.
“Acho ruim essa proibição, porque, sem ver fritando na hora, a gente não sabe a procedência do acarajé, então fica menos seguro para a gente, higienicamente falando. Eu continuo comprando porque a fome é maior”, disse o estudante Diego Melchiades, morador de Olinda.
As vendas do quitute na barraca de Silvana Araújo caíram bastante. “Nos fins de semana, eu vendia até 300 por dia. Agora, trago uns 30 de casa, e sempre sobra. O povo ainda compra porque tem gente louca por acarajé, mas o sabor dele mudou um pouco, antes era mais crocante. A gente pegava a massa e fritava na hora, saía bem quentinho”, comentou. A unidade é vendida a R$ 5.

Os turistas Ana Carolina Najarro e Frederico Peres estranharam a proibição. “Ainda está bom o gosto, mas a massa deixa de ficar crocante, fica mais encharcada, fria. Em todo lugar que a gente viaja, a gente come acarajé, porque gostamos”, disse Frederico.

O que diz a Prefeitura

A Prefeitura de Olinda ao explicou ao G1 que o modo como o acarajé era feito no Alto da Sé deixava o piso sujo, tanto por expelir óleo durante a fritura quanto pelo descarte incorreto do produto. A proibição surgiu para evitar que as obras de requalificação do espaço, que incluíram a troca do piso, fossem prejudicadas.

O governo municipal informou que, a curto prazo, não pretende reconsiderar a proibição. Também disse que há um projeto para substituir as atuais barracas por outras, padronizadas, destinadas à venda de tapiocas. Nessas novas instalações, também não será possível comercializar alimentos que precisem ser fritos.
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Do G1 PE/ Por Luna Markman

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